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terça-feira, 29 de março de 2011

Doutor,coronel...

 

Graças à nossa educação jesuítica , mais voltada para o classicismo, é impressionante a procura do brasileiro pelo titulo de “doutor”. Não me refiro aos que, pelos estudos, fazem jus a tal. No tratamento diário, basta o individuo ter alguma aparência de status que, é logo tratado de doutor “doutor fulano”, “doutor beltrano”, e por aí vai. Se for chefe de uma organização ou empresa, então nem se fala.Não que isto faça algum mal mas, mostra nossa preocupação com o “status” pessoal.. Tem suas explicações.País em que a mancha da escravidão durou tempo demais, os pobres dos escravos sempre se dirigiam ao patrão com este titulo.Nas regiões do sertão, principalmente no Nordeste, imperava o “coronel”. Geralmente semi-analfabetos, o titulo provinha das terras que possuíam ou, do poder eleitoral que tinham.A este respeito, interessante contar historia que, já relatei em artigo anterior que, ouvi do jornalista baiano Sebastião Nery, protagonizado pelo famoso “coronel” Chico Heráclio do Rego, de Limoeiro, interior de Pernambuco. À época votava-se em cédulas impressas, postas pelo eleitor na urna, em envelopes fechados. Chico Heráclio reuniu seus empregados e lhes entregou, um a um, os envelopes lacrados com as cédulas dos seus candidatos. Um cabra mais ousado resolveu perguntar: “ O coronel pode me dizer, pelo menos, em quem eu vou votar?” A resposta veio ríspida e rápida : “Então cabra ignorante, tu não sabes que o voto é secreto?”. Com o voto eletrônico parece que o coronel morreu mas, o coronelismo está “vivinho da Silva” . Foi substituído pelo pelos cartõezinhos de plástico que, dão acesso à Bolsa Família.Salve o Senhor Lula da Silva, o grande “coronel”.

As mostras da herança do “doutorismo”, das diferenças que ainda marcam o dia a dia do brasileiro, estão ainda presentes. Onde, nas nações civilizadas, encontram- se elevadores “sociais” e de “serviço” que, os pobres empregados são obrigados a usar nos edifícios residenciais?

Nas nações desenvolvidas, o titulo de doutor é usado pelos que o conquistaram nas academias. Nos Estados Unidos todo mundo é “Mister” , “Miss” ou “Mistress”. Exceto os formados em medicina, e os que tiraram o “PHD- Philosophy Doctor”, depois de cumprirem os requisitos necessários.

Por isto é que tenho me batido, em diversos pronunciamentos, pela criação de mais escolas técnicas nos diversos municípios.Isto, faria com que industrias procurassem o município para se instalarem pois, ali encontrariam técnicos capacitados para as tarefas.Alem de evitarem o êxodo rural, superpopulando as cidades brasileiras, já tão desprovidas de recursos habitacionais. E, o verdadeiro técnico não está preocupado com “doutores” e afins.

Parece não ser importante o que estou tratando nestas linhas. Dentro das mazelas sociais que ainda assolam o Brasil, não é, realmente, assunto dos mais relevantes.

Felizmente, noto com satisfação, na mídia, principalmente na televisão, nas novelas e afins, que o preconceito racial vai desaparecendo. Isto é excelente e ajuda eliminar o “doutorismo” e o “coronelismo”. Mas, ainda há muito que fazer.Que os “doutores” e “coronéis” não me levem a mal.

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